Li a última postagem no blog do Geraldo Prado, cujo título é “Quando a ação policial perde a legitimidade – Carta Capital, que se trata, na verdade, de um recorte de uma entrevista com o Conselheiro e Coordenador do Núcleo do Rio de Janeiro da Associação de Juízes para a Democracia, Rubens Casara, em
que este último tece críticas à ação policial no Complexo do Alemão e sustenta a necessidade de se desenvolver um trabalho de inteligência a fim de impedir que as armas cheguem às favelas, além de outras considerações, opinião encampada pelo dono do blog.
que este último tece críticas à ação policial no Complexo do Alemão e sustenta a necessidade de se desenvolver um trabalho de inteligência a fim de impedir que as armas cheguem às favelas, além de outras considerações, opinião encampada pelo dono do blog.
O que me chamou atenção foi menos a entrevista do que os comentários. Um dos comentários assinado por José Carlos rechaçava os argumentos de Casara, argumentando que a ação não podia ser outra, diante da realidade do Rio de Janeiro. Em certo momento o comentarista afirma a influência marxista no discurso de Casara e sugere que os acadêmicos estão distanciados do mundo real.
É curioso notar que os comentários vão se seguindo, ora se alinhando, ora se opondo ao pensamento do articulista e, nesse desiderato, utilizam-se de argumentos pouco consistentes, fazendo referências genéricas e se ancorando em discurso de autoridade. O mais incauto pode achar que partindo de um doutor a opinião assume ares de verdade absoluta.
Contudo, a única verdade desses embates é a existência de discursos consubstanciando idéias enlatadas e costuradas nos meios acadêmicos e, também, aquelas obtidas pelo senso comum do vulgo e que acabam cristalizadas nos malfadados clichês.
Li o comentário de José Carlos e o reputei mais próximo da realidade das comunidades dominadas pelo tráfico de drogas. Foi um discurso contundente e inflamado, mas nem por isso destituído de valor. Não há vencedores ou vencidos.
Os argumentos são sempre escorregadios e podem e devem ser contrariados, apontando-se suas falhas. O discurso de academia é, deveras, engessado e me dá um certo enfado. Afinal, a dogmática foi construída e alimentada por um grupo e se presta a atender muito mais a suas necessidades do que a de todo o corpo social. A mudança de paradigma sempre é possível e o que era politicamente correto passa a não ser. Por isso, o que se apresenta hoje como a grande descoberta, amanhã poderá estar completamente descartado.
Não gosto de discurso de autoridade ancorado predominantemente em símbolos. Talvez por isso Sartre tenha recusado o prêmio Nobel, a fim de que não viesse a se chamar Jean-Paul Sartre Prêmio Nobel.
Se a ação no Complexo do Alemão foi ou não acertada, só o tempo dirá, mas uma coisa é certa: alguma coisa precisava ser feita e uma linha foi adotada. Espero, sinceramente, que as críticas venham de todos os lados e se prestem ao apefeiçoamento da política de segurança pública, não só do Rio de Janeiro, mas em relação também ao resto do país.
Um grande abraço e até a próxima.
Caro David,
ResponderExcluirpertinente sua postagem. Vi a matéria e me alinhei aos que não gostaram da postura do magistrado. Como vc bem disse, erros e acertos ocorrem e devem ser apontados; contudo, acho extremamente inconveniente e um desserviço atacar a ação policial, nesse contexto único que fora a invasão ante o caos total e fim do Direito, Estado, tudo!!!
Se querem criticar, tenham os criticos legitimidade, com no mínimos ações concretas para argumentar.
Afinal, se referida matéria caiu na mesmice da critica voraz às forças públicas e ausência dessa ficção chamada Estado, qual a parcela de culpa do Judiciário (como um todo, principalmente os superiores), quando afrouxa em interpretações sob vestes germânicas, francesas etc, a reprimenda ao traficante,ao regime integralmente fechado (hoje inexistente porque Suas Excelências falaram que é inconstitucionl), RDD, falta e punição ao usuário (libera o nariz e boca dos consumidores do bairro nobre e depois vem querer falar que a culpa é exclusivamente do chefão do tráfico! Todos são culpados, poxa!)
Então, esse discuro de crítica, sob ar condicionado e após as balas traçantes já terem cessado, é fácil, cômodo e só agrada iluministas, polianas, bancas de defesa de traficantes, autores de livros de um falso garanstismo ou academicistas cegos e professores de Direito tapados e irresponsáveis!
É isso.
Ah, parabéns por sua 'linha', a qual percebo nas visitas constantes ao seu Blog, ao lado das vítimas e da sociedade!
A favor de bandido já há muita gente para defendê-los; então, é bom ver que há pessoas para ficar ao lado dessa 'parcela' esquecida da população!
Abraços
Fernando
www.considerandobem.blogspot.com
BLOG CONSIDERANDO BEM...
Entre o remédio e o veneno há que pensar na dose.
ResponderExcluirNecessária a retomada do território pelas forças do EStado. Chegou a um ponto tal que a Pacificação precisou ser antecipada. Não era possível que fosse feita pedindo licença aos Tribunais do Mal ou mesmo aos reféns moradores daquelas Comunidades. Foi preciso passar por cima de alguns direitos para alforriar todas as garantias
Abusos por parte dos Policiais não podem ser tolerados como "parte do show", como ganho de guerra. Mancham , inclusive, a ação daqueles que se inundaram de motivação para estar no front daquela guerra onde se esperava e se temia que houvesse veemente derramamento de sangue , inclusive de inocentes .
Assim , também é intolerável a velha máxima de quem rouba ladrão tem cem anos de perdão e nessa sede louca por vantagem também atacar de qualquer maneira os já maltratados moradores daquelas comunidades. Medidas foram tomadas visando a transparência das apreensões das armas encontradas: marcações em cada uma , para não serem desviadas( por que o desvio seria um caminho natural!?). Instalaram Canais de comunicação para as queixas contra os abusos ( muitas). Pelo que sei não houve notícia de localização de dinheiro e jóias ( por que será?).
Enfim, precisamos de todas as vozes para combater o incompatível, para debater, denunciar por que somos todos responsáveis e destinatários das responsabilidades.
O Rio de Janeiro , doente de segurança pública precisa de um tratamento complexo e adequado que não dispensa a legalidade.