Passadas as festas de final de ano ,vem a expectativa do carnaval, o qual tem sempre um toque de nostalgia. Dizem até que amores de carnaval não costumam durar.
Também se diz que carnaval é tempo de se soltar e fazer aquilo que, durante o ano todo, nos privamos. É como se houvesse lincença para transgredir.
Brincar o carnaval ou participar da festa da carne parece, desde longa data, uma exigência para muitos. É o momento para se esquecer das tristezas e, durante quatro dias, gozar a vida à exaustão, quando, então, problemas mais sérios são temporariamente exorcizados.
O samba Vai Passar, de Chico Buarque, sintetiza lindamente esse evento e nos mostra uma pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações.
Acontecimentos como o carnaval revelam a necessidade que os seres humanos têm de compensar um vida árida, repleta de obrigações e compromissos. Isto me faz lembrar um episódio de Jornada nas Estrelas, chamado A hora rubra, em que a população jovem se dirigia à cidade para participar do festival. Ali eles davam vazão aos seus desejos mais profundos, desde a promoção de quebradeiras ao sexo desvairado. Os velhos eram dispensados dessa festa pela máquina que comandava o planeta.
Jornada nas Estrelas teve o mérito de levantar questões complexas na forma de entretenimento. Questionamentos profundos eram postos em cada episódio levando o espectador atento à reflexão.
Os seres humanos são criaturas inquietas e com muitos desejos. Para fazer face a isso tudo, criam mecanismos que permitem a suavização das tensões, contribuindo para garantia da coexistância pacífica. Nesse ponto, as competições esportivas e atividades físicas de um modo geral desempenham um papel relevante.
A existência precisa fazer sentido. Cada um, à sua maneira, confere colorido a ela, seja participando de campeonatos, seja realizando trabalho voluntário junto às populações carentes, seja levantando bandeiras político-ideológicas. Ir à Igreja ou ao Estádio ou mesmo a uma reunião de uma ordem secreta são meios de tornar a vida interessante a ponto de não se desistir dela. Nesse contexto, o importante é acreditar.
Não sou entusiata do carnaval, mas aproveito, do meu jeito, este período para fazer coisas que me são prazerosas, como ler, ir à praia ou assistir a um filme. Quiçá aí obtenha o meu efeito conseguido pelos foliões.
Portanto, assim como muitos, estou me guardando pra quando o carval chegar...
Um grande abraço a todos e até a próxima.
Quando Carnaval Chegar - Chico Buarque
Quando Carnaval Chegar - Chico Buarque
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