Depois de uma semana repleta de notícias relativas à catástrofe que assolou a região serrana, resolvi hoje assisti a um filme que estava comigo há um tempinho: Chico Xavier. Fiquei muito emocionado e, em alguns momentos, chorei.
A película retrata a vida do maior médium brasileiro desde a infância e emociona, tendo o mérito de trazer
uma mensagem positiva mesmo àqueles que não professam fé alguma, como eu.
uma mensagem positiva mesmo àqueles que não professam fé alguma, como eu.
Aos cinco anos Chico fica orfã de mãe e é mal tratado por sua madrinha, a qual, inclusive, o coloca para lamber a ferida de seu primo. O seu pai se casa novamente. Chico tem um bom relacionamento com a nova esposa de seu pai, comparado ao que tinha com sua falecida mãe. Só que, mais uma vez, perde a pessoa querida.
Chico dedica sua vida a uma causa nobre, servindo de mediador entre o mundo espiritual e o material, recebendo a incumbência inicial de seu guia de escrever trinta livros.
Com o passar do tempo, o número de seguidores aumenta e sua vida é completamente dirigida à ajuda daqueles que procuravam alívio para problemas das mais diversas ordens.
O que impressiona na vida de Chico não são os seus mais de 400 livros escritos, cuja autoria sempre negou, mas sim uma vida muito modesta e com parcos recursos. Um homem deveras notável e respeitado por todos.
Há muito tempo parei de acreditar em religiões, talvez porque já tenha transitado por várias delas, mas o filme me fez pensar que precisamos acreditar em algo. Não me resgatou a religiosidade, mas a consciência de que nossas certezas não são tão sólidas assim.
Não há como garantir que ele era um farsante ou um homem santo, mas podemos dizer que ele acreditava no que fazia. Seu trabalho irradiava bons fluidos e dava novas esperanças àqueles que a tinham perdido. Um cena do filme que mais me emocionou foi aquela em que ele lia cartas psicografadas e os parentes dos mortos iam um a um reconhecendo as falas de seus entes queridos e choravam muito.
Quando a pessoa amada se vai, temos a sensação de que deixamos de fazer muita coisa juntos e de que não dizemos tudo o que era para ser dito.
Esse sentimento nos deixa deveras angustiado, despertando a vontade desesperada de uma última oportunidade com eles. Era isso o que Chico fazia: dava àqueles que o procuravam essa segunda chance.
Muitos podem afirmar que o médium não passava de um charlatão iludindo pessoas fragilizadas pela perda da pessoa amada. Eu vejo diferente. Ele era um bálsamo, um tranquilizador, aquele que restabelece a paz perdida. Enfim, um profundo conhecedor da essência humana ou alma, conforme queiram chamar.
A cena em que o promotor de justiça inquire o pai do menino morto pelo colega retrata bem isso.
A história é a seguinte: Chico é convidado a participar de um programa televisivo onde é indagado por várias figuras emblemáticas. O produtor do programa, protagonizado por Tony Ramos, não acredita inicialmente na seriedade do médium, mas sua esposa, representada por Cristiane Torloni, buscava desesperadamente um último contato com o filho morto e chegou a ir a uma das sessões do entrevistado. No fim do programa, Chico deixa com o personagem do Tony Ramos uma carta psicografada de autoria do filho do casal.
Em casa, a carta é lida e o pai do menino morto fica extremamente comovido e impressionado com o seu teor. A missiva é levada ao Tribunal e o Réu é absolvido pelos jurados. O pai do rapaz morto é perguntado pelo MP se é espírita e o mesmo responde ser ateu, contudo acredita que a carta é de autoria do filho, cumprindo ressaltar que o exame grafotécnico realizado foi no sentido da semelhança de assinaturas, cotejando-se o documento com a identidade civil do de cujus.
Verdade ou não, o importante para aquela família foi tirar o pesar da perda do filho dos ombros e perdoar o acusado. Não havia o que fazer, a condenação do jovem não lhes traria benefício algum, pelo menos foi a conclusão a que chegaram o casal e o júri .
Quanto mais eu vivo mais me impressiono com os seres humanos. Um homem que dedica sua vida a uma causa e se propõe a proporcionar alívio aos aflitos, renunciando a riqueza material, deve ser respeitado. Ele não se deixou influenciar negativamente pelo grande rebanho, antes criou condições para que o sofrimento deste fosse mitigado. A sua visão estava além e acima da grande massa. O super homem.
Hoje se vêem muitos crentes seguindo várias denominações religiosas, cujos líderes enriquecem da noite para o dia e constroem grandes fortunas para sua própria glória. São vendedores de ilusão e cobram um alto preço pelo seu produto.
Admiro Chico Xavier porque suas verdades ou ilusões eram fornecidas gratuitamente àqueles que o procuravam. Um homem que não constituiu família formalmente mas que, certamente, teve em cada desperado que lhe mendigava atenção um irmão, um filho.
Nessa semana em que muitas pessoas perderam seus parentes com as fortes chuvas, o filme traz esperanças e, de alguma forma, ajuda a mitigar a dor da perda. A humanidade tem seus mecanismos para contornar situações difíceis. Se é Deus que está por trás disso tudo sinceramente não sei. Pode ser que essa força venha de dentro do próprio homem. Mas isso não é importante. O mais relevante é acreditar.
Um forte abraço e o meu carinho a todos aqueles que sofrem neste momento, especialmente às vítmas dessa terrível tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro e usando de uma frase dita por Chico Xavier no filme termino este post: Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, todos podem começar agora e fazer um novo fim!
Oi, David!
ResponderExcluirRealmente é um filme muito emocionante. Eu também não sigo nenhuma religião, mas fiquei impressionada com a forma com que este homem foi capaz de amar as pessoas sem lhes pedir nada em troca. Eis o grande mandamento: amar ao próximo como a ti mesmo. Mandamento este que fica evidente não haver entre esses líderes religiosos enganadores que estão por aí enriquecendo às custas da fé alheia.
Ótimo texto!
Grande abraço!
"Quem é ateu e viu milagres como eu
ResponderExcluirSabe que os deuses sem Deus
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar
E o coração que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão, não cabe no seu não
Não cabe em si de tanto sim..."
Caetano , para variar, rsss
David, senti falta dos seus artigos e das suas ótimas colocações que pernoitam nas suas experiências do cotidiano mas que vão mais além( não cabe em si de tanto sim, como na canção) e terminam com uma mensagem positiva para qualquer leitor .
Suas palavras invariavelmente instruem e interessam . Fiquei com vontade de assistir ao filme e conhecer mais sobre Chico Xavier.
O coração é soberano e é senhor dos sacrifícios , das missões de amor ao próximo , das causas por que lutar , das crenças em que se fortalecer. Ele explica bem . Acredito que o sentimento de amor pelo próximo é uma forma de se religar e de se continuar pelos feitos e obras dele decorrentes.
Eu tenho fé no amor , se isso for DEus ....
Um abraço( gostei das mudanças no blog)
Obrigado, Isabele. Fazer o bem faz bem e o Chico foi um bom exemplo disso.
ResponderExcluirOlá, Leila.
ResponderExcluirFiquei emocionado ao conhecer um pouco da vida do Chico Xavier , de quem só ouvia falar sem ter noção de sua trajetória. O filme tem o mérito de mostrar também o lado humano do médium, seus medos e vaidade. O que mais me impressionou, no entanto, foi saber que ele levou um vida de renúncia e modéstia, especialmente considerando que poderia ter sido rico, se assim desejasse, já que seus livros foram traduzidos para vários idiomas com milhões de cópias vendidas. Concordo com você quando diz que amar ao próximo é uma forma de se religar com uma essência positiva que pode ser Deus ou um sentimento coletivo de bondade compartilhada. Assista o filme e você sentirá fortes emoções.
A referência à canção é extremamente pertinente e sintonizada com o post e filme. Aliás, suas palavras funcionaram como extensão mais aprimorada do post, enriquecendo-o e sintetizando-o só que com mais charme, brilho e sofisticação.
Obrigado, Leila por suas delicadas e profundas palavras. Um forte abraço.
Que belo.
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