Você já se viu às voltas com um trabalho e ficou ansioso por não considerar o resultado final satisfatório? Já refez várias vezes um texto antes de publicá-lo no blog ou apresentá-lo à sua chefia?
Muitos responderão que sim. É natural nos empenharmos nas nossas tarefas e termos aquela gostosa sensação de dever cumprido. Ao final de uma dia movimentado, chegar e respirar fundo e pensar: fiz tudo que estava ao meu alcance e agora posso ir para casa tranquilo.
O problema é quando levamos o trabalho para os nossos lares e, à noite, não conseguimos nos desconectar das atividades realizadas ao longo do dia, dando ensejo, não raro, à insônia.
O homem moderno vive a 100 por hora e um dia de vinte e quatro horas já não é suficiente. Ouvimos muita gente falar que o dia deveria ter quarenta e oito horas.
Manter o ritmo e a qualidade de nosso trabalho nem sempre é tão fácil. Às vezes´o melhor é parar, encher os pulmões de ar e se permitir relaxar. Recarregar as baterias é fundamental. Evita que a máquina entre em pane.
Não se consegue fazer tudo certinho o tempo tempo, há momentos em que erramos feio e ai vem aquela cobrança implacável auto- imposta, afinal tudo tem de estar na mais perfeita ordem. E é aí que está o “x” da questão. A bendita da perfeição.
Muitos passam a vida buscando-a, acreditando que um pequeno erro pode lhes retirar a glória de uma vida bem sucedida. Alto lá! Calma! Sinto muito em contrariar esses expoentes do indefectível, mas a perfeição não existe. Sim é isso mesmo, ela está sempre à nossa frente. É como se corrêssemos atrás da sombra.
A perfeição é um ideal, não se realiza no mundo dos humanos. Trata-se de um referência, um farol que norteia e aponta o caminho a percorrer. O conhecimento, ao contrário da ignorância, é limitado e ainda que tivéssemos mais três vidas não conseguiríamos saber tudo.
Há tanta coisa a ser aprendida, tantos pontos de vista. Só um tolo acredita que a sua opinião alberga uma verdade incontrastável. Há tantas maneiras diferentes de se fazer as coisas e todas igualmente válidas. O mundo é multifacetário.
Para aliviar a tensão, um expediente interessante é parar e contemplar a vida. Se permitir não pensar de forma utilitária e não levar tão a sério os problemas, muito dos quais se resolvem sozinhos se não lhes dermos muita atenção.
Dar o melhor de nós é louvável e deve ser incentivado. Contudo, não se afigura razoável levar isto às ultimas consequências. Precisamos fazer de vez em quando um print stop para depois voltar à corrida, agora com maiores chances de êxito.
Platão defendia o ócio criativo. De fato, quando estamos envolvidos em várias tarefas a nossa capacidade criativa sofre limitações. Portanto, algo que valha à pena tem de ser bem refletido, mastigado e digerido, tarefa que nem sempre se compadece com um vida muito acelerada.
Assim, da próxima vez que cogitar a perfeição pare e pense que ela só existe em seres sobrenaturais, mitológicos e nos mortos. A própria idéia de Deus é amparada num desejo antigo do homem em encontrar um ente incorruptível e acima do bem e do mal.
Aliás, Jesus, segundo os Evangelhos, disse a seus discípulos: "sede meus imitadores". Somos, com efeito, imitadores de um ente chamado perfeição e, como se sabe, o imitador não se torna o imitado, mas chega bem próximo. O caminho para a sabedoria é o do meio.
Um forte abraço e até a próxima.
Em meio a correria, útil é ler uma palavra boa como a que se colhe aqui. Pretendia um dia de trinta horas mas, pensando bem ,um de quarenta e oito não ía nada mal, rssss
ResponderExcluirBrincadeiras de lado, desejos aflitos de rendimento máximo postergado para amanhã , lembro que ficamos no meio da roda viva de tarefas e a pressão das metas a serem cumpridas , não raro ,sacode a saúde da gente mostrando que é preciso uma reflexão maior e um cuidado com as nossas próprias ações e expectativas. Ter submetas e prioridades , agendamentos e informação constituem oportunidades para se ter outras alternativas que não o stress total. Até porque uma insônia, um mal estar estomacal, uma pele com placas vermelhas podem mostrar que não se agita demais nossa "garrafa de refrigerante" mental impunemente.
Razoabilidade sim ! não se pode afastar o razoável.
David, excelente texto que poderia ser disseminado entre as rotinas de trabalho em vários setores , desde os de mais simples mecânica , tais como os de vivência cartorária, por exemplo, até aos mais expoentes trabalhos intelectuais de decisões,também àqueles afetos a liderança ,aos derivados das lidas acadêmicas e outros mais, inclusive os de seara doméstica( meu Deus!!! como ser pai, mãe, professor, motorista , explicador, esteio e provedor de uma família dinamica e aceleradamente cheia de compromissos e necessidades????).
Meu amigo, cada parágrafo do seu texto pode repercutir positivamente para desacelerar toda cobrança e pressão que nós mesmos fazemos e multiplicamos tiranicamente dentro de nós, olvidando que não somos perfeitos .
Leio o "Direito e outras conversas" na minha insônia habitual , companheira e "modernosa" . Situação que se habilita em atualização constante, vista ,a cada dia, com mais capacidade de me absorver. De fato, já que não posso com ela , uno-me a ela para relaxar na província "bloguística" ao ler coisas boas e pontualmente necessárias para novos e transformados dias futuros.
Sua postagem me faz pensar e refletir além das minhas experiências sublinhando a adequação com a marca da generalidade
Um abraço
Leila Brasil
Obrigado, Leila.
ResponderExcluirSua presença aqui é sempre bem-vinda e festejada. Considero-a também coautora deste post, seu comentário dá vigor ao texto, com ele se integrando de forma indissociável.
Um forte abraço, querida amiga.