sábado, 6 de março de 2010

Fênix

Uma vez recebi um texto de um querido amigo que tratava sobre a desconstrução do gostar e pus-me a perguntar qual seria o seu real significado. Os amigos vêm e vão, trazem alegrias, deixam saudades. O mundo seria árido sem eles.
Cada um de nós sente o mundo de um modo bem particular e nesse sentir coisas são ditas, estragos são causados. Alguns relacionamentos perdidos, outros conquistados e assim caminhamos pela existência querendo chegar em algum lugar. Mas chegar aonde?
Como será o fim da estrada? Será que é da forma mencionada por Gilberto Gil, em Se eu quiser falar com Deus
Simplesmente vou seguindo esperando encontrar algo que realmente faça a vida valer à pena. Ao mesmo tempo me pergunto se o simples fato de estarmos vivos, por si só, já é o suficiente. Sócrates dizia que uma vida sem questionamentos não valia à pena ser vivida.
Penso que a vida é bela, o sol a estrada amarela....mas também tem suas agruras, as quais se prestam a nos fortalecer e mostrar que precisamos continuar e que tudo vai passar, inclusive esse nível de vínculo que temos com algo que não conhecemos: Deus, talvez. 
Muito etéreo? Pode ser, mas é inegável que o sofrimento prepara o terreno para o prazer, o qual exsurge poderoso, como um lindo dia de sol, após várias semanas de dias nublados e com chuva. Friedrich Nietzsche dizia que aquilo que não nos mata nos torna mais fortes.A alma voa bem alto e de lá tem uma visão crítica, corretiva e abrangente do que se passa além de seus limites e vê, bem longe, a curva do infinito. O sentimento em suas várias facetas inspira o poeta a expor suas feridas por meio de versos e prosas. A angústia revela-se amiga e parceira constante daqueles que elegeram as letras para expressar seus sentimentos. 
A vida. Sim, este tema é recorrente, o que é a vida e qual o seu propósito? Por que existimos? Há algo mais além dessa realidade? São perguntas para as quais não existe uma resposta segura.
Atropelando todas essas indagações e por premente necessidade, saúdo a fênix e convoco-a a se pronunciar e determinar a renovação. Nesse tocante, colaciono uma frase dita por Caetano ao introduzir a música Carcará: "é engraçado a força que as coisas parecem ter quando precisam acontecer".

3 comentários:

  1. Fico feliz ao encontrar em seu texto uma visão tão positiva da vida.

    Bjs

    Jaqueline (a Sapequinha)

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  2. Se a fenix soprasse no meu ouvido alguma fala , imagino que diria que nem sempre é necessário uma total revolução, desconstrução, renovação das coisas. Ela me falaria dos séculos e séculos que viveu , continuando suas ações, construindo seus sentimentos, e argumentos de vida. Aposto que falaria que a vida é bela e teceria um paralelo com o sol. O sol que ascende de manhã para morrer numa performance no fim de tarde, convocando o povo a plantar, trabalhar e socorrer aos seus com o pão.
    Diria que a estrela , na verdade não morre , nós é que damos voltas no céu. Aliás, são os ciclos naturais do tempo que voltam a nos visitar. Também nos visitam , velhas vivências de dor e de estrago que devem ser enfrentadas como lições , ou seja, devem ser entendidas por completo até que se possa "passar de ano", trocar de farda ou posto em nossa caminhada.

    Por que renovar, por que destruir para começar de novo?

    A imagem que faço da música do Chico Buarque , Dura na queda, é uma convocaação da suprema resiliência ...afinal a vida é mesmo bela ..
    e as ondas, as ondas , as ondas....

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  3. Olá David, estou sempre visitando o seu blog e ele está me inspirando frequentemente( veja você:

    http://entrelinhas-e-tintas.blogspot.com/2010/03/o-amor-continua-gente.html )

    Parabéns pela escrita que se revela articulada e sensível.

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