segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ALEMÃO ESTÁ DOMINADO

Ontem, dia 28/11/2010, por volta das 8h, as Forças de Segurança Pública invadiram o Complexo do Alemão, retomando um território há anos dominado pelos narcotraficantes. Os vários bandidos que fugiram da Vila Cruzeiro se refugiaram ali e já começaram a ser capturados,
consoante noticiado na Imprensa. 

O trabalho da polícia é dificultado pelo fato de os criminosos se misturarem aos moradores. A revista das casas é fundamental para que a operação tenha sucesso e, nesse tocante, o auxílio dos moradores se mostra de crucial importância, podendo a recusa indiciar a existência de traficantes se abrigando na casa.

A situação no Complexo do Alemão é de exceção, requerendo um atuar cauteloso e diferenciado. Nesse desiderato, o Estado tem contado com a ajuda da população, a qual tem sinalizado no sentido de apoiar o trabalho da polícia, conforme se depreende do aumento significativo das ligações para o disque-denúncia, bem como pelos diversos bilhetes manuscritos que chegam às mãos dos repórteres e da polícia.

Em outra ponta, a Polícia Civil desenvolve um trabalho de Inteligência, a fim de evitar que bandidos presos consigam transmitir ordens por meio de familiares e advogados aos seus comparsas em liberdade.

Muitos estão dizendo que essa operação é um divisor de águas na política de segurança pública não só do Rio de Janeiro, mas também em relação ao resto do país. Durante anos as favelas foram dominadas por facções criminosas, as quais estabeleciam a lei e a ordem a sua maneira. O Estado não ali não interferia. Aliás, reza a lenda aqui no Rio que certo governador não permitia à polícia subir o morro.

Anos de omissão e descaso, além das relações promíscuas que parte da Polícia mantinha com os traficantes, regadas ao denominado “arrego”, fizeram a população nutrir a sensação de que o Estado não era forte o suficiente para resgatá-la de sua escravidão. A retomada de território funcionou como libertação do julgo do opressor violento e sanguinário. Nasceu com isso a esperança de mudança. O herói bandido foi substituído pelos capitães nascimentos e isto tem uma carga simbólica muito relevante.

A esperança de dias melhores ressurgiu com o 28 de novembro, data que, doravante, talvez seja lembrada como o dia da libertação e de mudança de paradigma na política de segurança pública. Não pode haver recuo, não há volta.

Contudo, a guerra ainda não terminou, sendo necessário se vencerem outras batalhas com a ocupação de outras favelas. Pari passu, investimentos devem ser realizados nas áreas ocupadas, prevenindo a ação e influência dos falsos benfeitores da comunidade. O trabalho tem de ser contínuo e coordenado, evitando-se o incremento de outros delitos. Tolerância zero aos criminosos. 

Nesse contexto, o trabalho de inteligência e monitoramento das ocorrências criminais se afiguram de vital relevância, viabilizando o mapeamento das áreas atingidas. Só a partir dos registros é que a Polícia consegue traçar uma estratégia eficaz de combate ao crime. Mas ela também precisa fazer a sua parte, com a facilitação das comunicações da ocorrência dos delitos por parte da população, não só disponibilizando um número de telefone, mas também agilizando os registros junto às Delegacias de Polícia. Muitas vítimas deixam de noticiar a ocorrência de crimes por recearem perder horas dentro de uma unidade de polícia judiciária.

Que o Rio de Janeiro seja uma cidade mais tranquila desde logo e se apresente ao mundo em 2016 deveras como uma Cidade Maravilhora em todos os sentidos. 


Um grande abraço a todos e até a próxima.

Um comentário:

  1. Sem dúvida os últimos acontecimentos são de grande valia para a população carioca/fluminense. No entanto, me preocupa todo esse endeusamento dos policiais, afinal eles estão apenas fazendo o trabalho deles, trabalho este que requer muita coragem e é realizado com grandes dificuldades. Porém já começa a vazar na mídia denúncias de agressão e roubo à moradores, feito por aqueles que deveriam protegê-los.

    Não quero ser pessimista, sei que temos muitos capitães Nascimentos, mas ainda temos muitos policiais corruptos. Medidas paliativas não resolverão o problema social que há muito abala o Rio. Depois que as forças armadas dominarem o complexo será que o governo dará condições às crianças e jovens de sonharem com uma vida mais digna em relação a saúde, lazer, moradia,educação, emprego? Será que os policiais terão melhores condições de trabalho para não se sentirem tentados a montarem outras relações de domínio sobre os moradores? Será que o governo tem apenas o interesse de fazer bonito em 2016? E depois que a festa acabar? E os outros lugares do Rio pra onde estão indo os traficantes das falevas pacificadas? A baixada fluminense não aparecerá nas Olimpíadas de 2016...

    Condições de desmantelar o crime,acredito eu, o Estado sempre teve, não havia era interesse político. E é isso que me preocupa...

    Mas espero estar muito enganada sobre tudo isso...Espero...

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