É impossível ficar indiferente aos últimos acontecimentos no Rio relacionados aos arrastões. Tais ações criminosas tem acontecido com muita frequência desde a instalação das UPPs. Pacificou-se as favelas e o asfalto virou terra de ninguém, ou melhor, dos marginais que, quase todos os dias, têm
ateado fogo em veículo roubados ou simplesmente aqueles estacionados em vários pontos da cidade.
ateado fogo em veículo roubados ou simplesmente aqueles estacionados em vários pontos da cidade.
O Secretário de Segurança Pública apresenta como uma das razões para tais fatos, a reação dos bandidos, os quais se sentindo acuados têm promovido vandalismo pela cidade. Também se trabalha com a hipótese de retaliação por parte dos chefões do tráfico que estão sendo sistematicamente transferidos para presídios fora do Rio. Chegou-se a cogitar, inclusive, que a ordem teria partido de Catanduvas.
Fato é que a cidade vive uma de suas piores fases e precisa ser resgatada das mãos dos meliantes que aterrorizam a bela paisagem carioca. O problema não é de fácil resolução e é resultado de anos de descaso com a segurança pública e o desmantelamento do aparelho policial. O criminosos, ao contrário, ao longo das décadas se armaram até os dentes com armas de última geração e de grosso calibre.
Conta-se que o crime no Rio de Janeiro foi se organizando quando se misturaram presos políticos aos bandidos comuns. Na década de 80, a Globo exibiu a série Bandidos da Falange que tinha a pretensão de explicar o fenômeno do crime organizado.
Um dado que tem sido posto de lado, mas que está presente no cotidiano brasileiro, e que, em certa medida , dificulta o trabalho da polícia, é a desconfiança por parte da população em relação a esta . Na história marrada em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, tal situação é retradada quando os urbanos invadem aquela pequena comunidade e, a pretexto de acabar como uma briga, saem destruindo tudo o que vêem pela frente.
A impressão que sempre ficou, especialmnte na população de baixa renda, é a de que a Polícia existe para proteger o patrimônio dos mais afortunados. Ocorre que hoje, por conta de anos de descaso com a instituição policial, todos estão sofrendo os efeitos da violência e parece não haver solução a curto prazo. Há quem pense que sair do país seja a decisão mais acertada. Outros, por falta de opção ou por escolha, ficam por aqui mesmo. O antigo discurso de que a miséria é a causa quase que exclusiva da violência já está ultrapassado, mormente considerando que há regiões muito pobres onde o índice de violência é quase zero.
O problema é multifacetário, palavra bonita para designar uma questão complexa que não tem uma única solução. Não é só a falta de recursos, é também a carência de valores mínimos, de uma família organizada, de mudança de mentalidade, desde há muito arraigada na inconsiente coletivo, de que é preciso levar vantagem em tudo, de que o cumpridor das leis é otário e, por isso, não se ganha nada sendo honesto. É claro que existem muitos brasileiros que não pensam desta forma, mas infelizmente o dia a dia parece se encarregar de colocá-los em posição minoritária.
Modificar o mundo não passa necessariamente por revoluções sangrentas, mas inegavelmente requer uma mudança de atitude. É importante olhar para dentro de nós mesmos e nos perguntar até que ponto somos culpados por tudo isso.
Volto aos brasileiros apontados como minoria e acredito ser neles que está a esperança de dias melhores, por meio do comportamento ético e responsável capaz de irradiar bons fluidos. Se cada um pensar assim e ser tornar um núcleo de emanação positiva poderemos, um dia, ter uma sociedade bem mais segura.
Precisamos fazer a coisa certa hoje para que deixemos um país diferente para os nossos netos e bisnetos. O Poder Público, a seu turno, deve atuar com firmeza e determinação a fim de fazer cessar esses eventos criminosos e, com a ajuda de toda a sociedade, restaurar a paz e traquilidade no seio da coletividade.
Um grande abraço e até a próxima.
"Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta"...
ResponderExcluirE o medo tomando conta de nós, e a esperança cada vez mais longe...
Ótimas reflexões, David.
Grande abraço!
Caro David,
ResponderExcluirem meio ao caos e balbúrdia, os alentos e ações que tornam a postar esperanças, não podem ser isoladas. Por isso a diária luta - pelas pessoas de bem - contra essa onda de privilegiar criminosos e colocá-los como senhores do Direito, esquecendo-se das vítimas, famílias e sociedade de bem. Parabéns pela postagem.
Fernando M. Zaupa
www.considerandobem.blogspot.com