terça-feira, 23 de novembro de 2010

ARRASTÕES NO RIO DE JANEIRO: UMA PEDRA NO SAPATO DA SEGURANÇA PÚBLICA

É impossível ficar indiferente aos últimos acontecimentos no Rio relacionados aos arrastões. Tais ações criminosas tem acontecido com muita frequência desde a instalação das UPPs. Pacificou-se as favelas e o asfalto virou terra de ninguém, ou melhor, dos marginais que, quase todos os dias, têm
ateado fogo em veículo roubados ou simplesmente aqueles estacionados em vários pontos da cidade. 

O Secretário de Segurança Pública apresenta como uma das razões para tais fatos, a reação dos bandidos, os quais se sentindo acuados têm promovido vandalismo pela cidade. Também se trabalha com a hipótese de retaliação por parte dos chefões do tráfico que estão sendo sistematicamente transferidos para presídios fora do Rio. Chegou-se a cogitar, inclusive, que a ordem teria partido de Catanduvas.

Fato é que a cidade vive uma de suas piores fases e precisa ser resgatada das mãos dos meliantes que aterrorizam a bela paisagem carioca. O problema não é de fácil resolução e é resultado de anos de descaso com a segurança pública e o desmantelamento do aparelho policial. O criminosos, ao contrário, ao longo das décadas se armaram até os dentes com armas de última geração e de grosso calibre.

Conta-se que o crime no Rio de Janeiro foi se organizando quando se misturaram presos políticos aos bandidos comuns. Na década de 80, a Globo exibiu a série Bandidos da Falange que tinha a pretensão de explicar o fenômeno do crime organizado.
Um dado que tem sido posto de lado, mas que está presente no cotidiano brasileiro, e que, em certa medida , dificulta o trabalho da polícia,  é a desconfiança por parte da população em relação a esta . Na história marrada em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, tal situação é retradada quando os urbanos invadem aquela pequena comunidade e, a pretexto de acabar como uma briga, saem destruindo tudo o que vêem pela frente. 

A impressão que sempre ficou, especialmnte na população de baixa renda, é a de que a Polícia existe para proteger o patrimônio dos mais afortunados. Ocorre que hoje, por conta de anos de descaso com a instituição policial, todos estão sofrendo os efeitos da violência e parece não haver solução a curto prazo. Há quem pense que sair do país seja a decisão mais acertada. Outros, por falta de opção ou por escolha,  ficam por aqui mesmo. O antigo discurso de que a miséria é a causa quase que exclusiva da violência já está ultrapassado, mormente considerando que há regiões muito pobres onde o índice de violência é quase zero. 

O problema é multifacetário, palavra bonita para designar uma questão complexa que não tem uma única solução. Não é só a falta de recursos, é também a carência de valores mínimos, de uma família organizada, de mudança de mentalidade, desde há muito arraigada na inconsiente coletivo, de que é preciso levar vantagem em tudo, de que o cumpridor das leis é otário e, por isso, não se ganha nada sendo honesto. É claro que existem muitos brasileiros que não pensam desta forma, mas infelizmente o dia a dia parece se encarregar de colocá-los em posição minoritária.

Modificar o mundo não passa necessariamente por revoluções sangrentas, mas inegavelmente requer uma mudança de atitude. É importante olhar para dentro de nós mesmos e nos perguntar até que ponto somos culpados por tudo isso. 

Volto aos brasileiros apontados como minoria e acredito ser neles que está a esperança de dias melhores, por meio do comportamento ético e responsável capaz de irradiar bons fluidos. Se cada um pensar assim e ser tornar um núcleo de emanação positiva poderemos, um dia, ter uma sociedade bem mais segura. 

Precisamos fazer a coisa certa hoje para que deixemos um país diferente para os nossos netos e bisnetos.  O Poder Público, a seu turno, deve atuar com firmeza e determinação a fim de fazer cessar esses eventos criminosos e, com a ajuda de toda a sociedade,  restaurar a  paz e traquilidade no seio da coletividade.

Um grande abraço e até a próxima.

2 comentários:

  1. "Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta"...

    E o medo tomando conta de nós, e a esperança cada vez mais longe...

    Ótimas reflexões, David.

    Grande abraço!

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  2. Caro David,
    em meio ao caos e balbúrdia, os alentos e ações que tornam a postar esperanças, não podem ser isoladas. Por isso a diária luta - pelas pessoas de bem - contra essa onda de privilegiar criminosos e colocá-los como senhores do Direito, esquecendo-se das vítimas, famílias e sociedade de bem. Parabéns pela postagem.
    Fernando M. Zaupa
    www.considerandobem.blogspot.com

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