quinta-feira, 19 de agosto de 2010

ESTRANHO AMOR

Quem já não ouviu falar em casamento sartreano? Bem, para aqueles mais jovens ou que não tiveram oportunidade de ouvir esta expressão, casamento sartreano é sinônimo de casamento aberto.

Mas, por que sartreano? Jean-Paul Sartre, famoso filósofo existencialista, foi casado com Simone de Beauvoir e ambos mantinham um relacionamento aberto, ou seja, eles se relacionavam sexualmente com outros parceiros e não faziam segredo disso. 

É claro que Simone não foi só a mulher de Sartre. Sua obra tem o mesmo relevo que a de seu marido e contou com o reconhecimento nos meios intelectuais.

Hoje em dia há quem adote este modelo, mas a grande maioria parece preferir o casamento “fechado”. Não estou aqui para fazer julgamentos morais desse ou daquele modelo. O importante é sempre manter a mente aberta. Entender o comportamento do outro não significa concordar com ele. A tolerância deve nortear o comércio social e tornar a existência mais prazerosa.

A propósito do relacionamento aberto, não poderia deixar de mencionar a bela música de Caetano Veloso, que, de certa maneira, conta um pouco da relação do casal de filósofos. A canção é muito charmosa e merece ser ouvida muitas vezes.

Então, vamos a ela.


Nosso Estranho Amor

Não quero sugar
Todo seu leite
Nem quero você enfeite
Do meu ser
Apenas te peço
Que respeite
O meu louco querer...
Não importa com quem
Você se deite
Que você se deleite
Seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor...
Oh! Mainha!
Deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos...
Oh! Neguinha!
Deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não...
Seu corpo combina
Com meu jeito
Nós dois fomos feitos
Muito prá nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois...
Não vamos fuçar
Nossos defeitos
Cravar sobre o peito
As unhas do rancor
Lutemos, mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor...
Oh! Mainha!
Deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos...
Oh! Neguinha!
Huuuuum!
Deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não...
Oh! Mainha!
Deixa o ciúme chegar
Huuuuuum!
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos...
Oh! Neguinha!
Deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não...

Um grande abraço e até a próxima.


Escute-a aqui:

6 comentários:

  1. Pois é né... cada um com seu cada um... rsrsrs

    David, tem como vc explicar como posta música desta forma? Eu só sei postar com os vídeos do youtobe, mas demora muito para os leitores baixar.

    bjs!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Isa!
    Simone de Beauvoir foi uma mulher esplêndida e sua história é muito interessante. Aliás, recomendo dar dar uma olhadinha, aqui mesmo no blog, no link com o mesmo nome.
    Quanto à música postada, a explicação encontra-se no seguinte endereço: http://www.sodicas.org/como-colocar-musicas-do-4shared-no-perfil-do-orkut.
    Um grande abraço e obrigado por sua presença neste modesto espaço.

    ResponderExcluir
  3. Já tivemos oportunidade de falar do Sartre e da Simone, do modo como eles construíram seu relacionamento.

    O monólogo "Viver sem Tempos Mortos", com a Fernanda Montenegro, foi uma peça fundamental para que eu entendesse melhor o que outrora julgava um relacionamento mais tranquilo: parece que entre eles não havia tanta harmonia assim.

    O filme "Closer - Perto Demais" também focaliza a questão de modo honesto e bonito. E sobre esse filme, há um texto da Martha Medeiros que coloquei no meu blog. Se não me falha a memória, acho que se chama "Suspendendo as Buscas". No texto a autora sugere que, muitas vezes, o que sobra da troca de parceiros é um gosto amargo, uma sensação estranha, porque um nunca substitui o outro. Cada corpo é único, cada cheiro é particular, cada voz tem uma entonação irrepetível.

    E para não ficar em cima do muro, me posiciono a favor do modelo tradicional de família. Mesmo porque a conjunção de relacionamentos concomitantes não resolve nossos problemas afetivos. Acho que, ao procurarmos outras pessoas, sempre há por trás algum tipo de frustração - com o nosso parceiro ou conosco, nossa própria incapacidade de encontrar equilíbrio... E como o ser humano é, em menor ou maior grau, um eterno desequilibrado...

    Parabéns pela abordagem de temas sempre relevantes e atuais.

    Abçs

    ResponderExcluir
  4. Valeu, David! Mas que coisa complicada hein! Af!... Mesmo assim, muito obrigada!

    ResponderExcluir
  5. Obrigado, Fernando. A sua opinião é bem vinda e traz sempre à tona outros aspectos dos temas apresentados.
    Um grande abraço.

    ResponderExcluir
  6. As relações são complexas e não há certo ou errado. Frustrações, alegrias, ansiedades fazem parte dessa coisa impressionante chamada existência. O equilíbrio é sempre distante. Os julgamentos morais, não raro, se prestam a esconder vontades reprimidas. Penso que o mais importante é conviver com as diferenças. Procurar entender as razões do outro é, de certo modo, procurar entender a si próprio. Simone e Sartre foram felizes (ou não) a sua maneira. Quanto à harmonia, vale ressaltar que muitos casais “tradicionais” vivem em constante confronto, experimentando os mais variados tipos de sentimentos e frustrações e isso nada tem a ver com uma terceira pessoa envolvida. Não estou aqui a levantar bandeiras em favor desta ou daquela vertente. A idéia foi apresentada e fico feliz que vários aspectos da questão sejam evidenciados.
    Um grande abraço.

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...