domingo, 8 de agosto de 2010

O MAU EXEMPLO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA LEI

Estamos em ano eleitoral e o dia em que escolheremos nossos representantes está chegando. Novos governadores, presidentes e parlamentares vão ocupar cargos públicos e serão garantes do cumprimento da lei. Será?

No Brasil, observa-se uma pletora de leis e a cada dia novas surgem para engrossar o caldo. Na contramão do furor legislativo, vemos políticos descumprindo descaradamente a lei. O exemplo vem de cima, de quem está no comando da nação.

O noticiário tem informado sobre as multas recebidas pelo Presidente Lula por fazer campanha para sua candidata Dilma Rousseff. 

O chefe da nação se comporta como se ignorasse sumariamente a lei eleitoral. Para ele, que parece ter como livro de cabeceira O Príncipe, do Florentino Nicolau Maquiavel, o fim justifica os meios.
Esse exemplo é muito perigoso e contribui para reforçar algumas idéias subjacentes na sociedade, como as seguintes: há leis que não pegam, sempre se pode dar um jeitinho e de que não adianta ser honesto e ético, porque só se consegue algo nesta República quebrando-se regras.

O problema brasileiro tem raízes profundas e o Estado está estruturalmente comprometido por uma mentalidade herdada do Patrimonialismo. Os cargos públicos, conquistados pela via eleitoral e mesmo aqueles pela via do concurso, acabam servindo para atender interesses pessoais ou de grupos.

A noção da coisa pública no Brasil é, no mínimo, sui generis relativamente àquela existente em outras democracias. É como se público fosse sinônimo de res derelicta.

O artigo 21 do Código Penal dispõe que o desconhecimento da lei é inescusável. A sanção existe para restauração da ordem jurídica violada e também se presta à inibição de ações que levem à sua infringência.

Nessa linha de raciocínio, as conseqüências do descumprimento da lei eleitoral deveriam se revestir de força suficiente para impedir, especialmente por aqueles que detém o poder econômico, a sua transgressão.

Mas, infelizmente não é isso o que acontece. A dinâmica do poder não se comporta nos limites legais e muitos que passam a integrar os seus nichos são contaminados por procedimentos escusos e desconhecidos da maioria da população.

Diante disso tudo, confesso que me sinto desanimado e sem vontade de ir à urna. Mas, entendo que não adianta lamuriar e apontar defeitos do sistema. 

Penso que devemos nos insurgir positivamente. O esforço deve se orientar no sentido de adotarmos uma postura ética, servindo de paradigma positivo, não só para os nossos filhos como a todos que nos cercam, de não relativizar sobre tudo e todos para atendermos, exclusivamente, aos interesses pessoais em detrimento do grupo (Leiam, a propósito, Assunção de Responsabilidade e O Bem e o Mal em Perspectiva postados em fevereiro deste ano).

O futuro pertence a todos e principalmente aos jovens de hoje que aqui ficarão por mais tempo e, por isso, é mister que a juventude tome consciência de que a mudança sempre acontece, seja para melhor ou pior. Portanto, essa idéia deve ser disseminada não só nos bancos escolares e universitários como também e principalmente nos núcleos familiares.

Termino este post, trazendo à colação um funk music do talentosíssimo Gilberto Gil.

Um grande abraço a todos e até a próxima.

O Eterno Deus Mu Dança

Composição: Celso Fonseca/Gilberto Gil


Sente-se a moçada descontente 
onde quer que se vá Sente-se 
que a coisa já não pode ficar 
como está Sente-se a decisão 
dessa gente em se manifestar 
Sente-se o que a massa sente, 
a massa quer gritar: "A gente 
quer mu-dança O dia da mu-
dança A hora da mu-dança O 
gesto da mu-dança" Sente-se 
tranqüilamente e ponha-se a 
raciocinar Sente-se na 
arquibancada ou sente-se à 
mesa de um bar Sente-se onde 
haja gente, logo você vai 
notar Sente-se algo 
diferente: a massa quer se 
levantar Pra ver mu-dança O 
time da mu-dança O jogo da mu-
dança O lance da mu-dança 
Sente-se - e não é somente 
aqui, mas em qualquer lugar: 
Terras, povos diferentes - 
outros sonhos pra sonhar 
Mesmo e até principalmente 
onde menos queixas há Mesmo 
lá, no inconsciente, alguma 
coisa está Clamando por mu-
dança O tempo da mu-dança O 
sinal da mu-dança O ponto da 
mu-dança Sente-se, o que 
chamou-se Ocidente tende a 
arrebentar Todas as correntes 
do presente para enveredar Já 
pelas veredas do futuro ciclo 
do ar Sente-se! Levante-se! 
Prepare-se para celebrar O 
deus Mu dança! O eterno deus 
Mu dança! Talvez em paz Mu
dança! Talvez com sua lança

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