Estamos em ano eleitoral e o dia em que escolheremos nossos representantes está chegando. Novos governadores, presidentes e parlamentares vão ocupar cargos públicos e serão garantes do cumprimento da lei. Será?
No Brasil, observa-se uma pletora de leis e a cada dia novas surgem para engrossar o caldo. Na contramão do furor legislativo, vemos políticos descumprindo descaradamente a lei. O exemplo vem de cima, de quem está no comando da nação.
O noticiário tem informado sobre as multas recebidas pelo Presidente Lula por fazer campanha para sua candidata Dilma Rousseff.
O chefe da nação se comporta como se ignorasse sumariamente a lei eleitoral. Para ele, que parece ter como livro de cabeceira O Príncipe, do Florentino Nicolau Maquiavel, o fim justifica os meios.
Esse exemplo é muito perigoso e contribui para reforçar algumas idéias subjacentes na sociedade, como as seguintes: há leis que não pegam, sempre se pode dar um jeitinho e de que não adianta ser honesto e ético, porque só se consegue algo nesta República quebrando-se regras.
O problema brasileiro tem raízes profundas e o Estado está estruturalmente comprometido por uma mentalidade herdada do Patrimonialismo. Os cargos públicos, conquistados pela via eleitoral e mesmo aqueles pela via do concurso, acabam servindo para atender interesses pessoais ou de grupos.
A noção da coisa pública no Brasil é, no mínimo, sui generis relativamente àquela existente em outras democracias. É como se público fosse sinônimo de res derelicta.
O artigo 21 do Código Penal dispõe que o desconhecimento da lei é inescusável. A sanção existe para restauração da ordem jurídica violada e também se presta à inibição de ações que levem à sua infringência.
Nessa linha de raciocínio, as conseqüências do descumprimento da lei eleitoral deveriam se revestir de força suficiente para impedir, especialmente por aqueles que detém o poder econômico, a sua transgressão.
Mas, infelizmente não é isso o que acontece. A dinâmica do poder não se comporta nos limites legais e muitos que passam a integrar os seus nichos são contaminados por procedimentos escusos e desconhecidos da maioria da população.
Diante disso tudo, confesso que me sinto desanimado e sem vontade de ir à urna. Mas, entendo que não adianta lamuriar e apontar defeitos do sistema.
Penso que devemos nos insurgir positivamente. O esforço deve se orientar no sentido de adotarmos uma postura ética, servindo de paradigma positivo, não só para os nossos filhos como a todos que nos cercam, de não relativizar sobre tudo e todos para atendermos, exclusivamente, aos interesses pessoais em detrimento do grupo (Leiam, a propósito, Assunção de Responsabilidade e O Bem e o Mal em Perspectiva postados em fevereiro deste ano).
O futuro pertence a todos e principalmente aos jovens de hoje que aqui ficarão por mais tempo e, por isso, é mister que a juventude tome consciência de que a mudança sempre acontece, seja para melhor ou pior. Portanto, essa idéia deve ser disseminada não só nos bancos escolares e universitários como também e principalmente nos núcleos familiares.
Termino este post, trazendo à colação um funk music do talentosíssimo Gilberto Gil.
Um grande abraço a todos e até a próxima.
O Eterno Deus Mu Dança
Composição: Celso Fonseca/Gilberto Gil
Sente-se a moçada descontente
onde quer que se vá Sente-se
que a coisa já não pode ficar
como está Sente-se a decisão
dessa gente em se manifestar
Sente-se o que a massa sente,
a massa quer gritar: "A gente
quer mu-dança O dia da mu-
dança A hora da mu-dança O
gesto da mu-dança" Sente-se
tranqüilamente e ponha-se a
raciocinar Sente-se na
arquibancada ou sente-se à
mesa de um bar Sente-se onde
haja gente, logo você vai
notar Sente-se algo
diferente: a massa quer se
levantar Pra ver mu-dança O
time da mu-dança O jogo da mu-
dança O lance da mu-dança
Sente-se - e não é somente
aqui, mas em qualquer lugar:
Terras, povos diferentes -
outros sonhos pra sonhar
Mesmo e até principalmente
onde menos queixas há Mesmo
lá, no inconsciente, alguma
coisa está Clamando por mu-
dança O tempo da mu-dança O
sinal da mu-dança O ponto da
mu-dança Sente-se, o que
chamou-se Ocidente tende a
arrebentar Todas as correntes
do presente para enveredar Já
pelas veredas do futuro ciclo
do ar Sente-se! Levante-se!
Prepare-se para celebrar O
deus Mu dança! O eterno deus
Mu dança! Talvez em paz Mu
dança! Talvez com sua lança
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