domingo, 27 de junho de 2010

LIBERDADE, UMA DOCE ILUSÃO

Somos realmente livres? Podemos fazer qualquer coisa? A liberdade realmente é a regra?


O conceito de liberdade é bem elástico, não se comporta numa simples afirmação. Várias pessoas alardeiam que são livres, Contudo, o que realmente se observa é um limitado exercício dela.

Viver em comunidade implica se submeter a um conjunto de regras que limitam o atuar individual. Essas regras podem ser jurídicas, consuetudinárias, morais.

Fato é que, independentemente de sua natureza, a norma está sempre presente a nortear as nossas existências.

Na antiguidade, muitos abdicavam de sua liberdade para servir a um senhor, que lhes proporcionava segurança em vários sentidos. Aquele amo, igualmente, não fazia o que bem entendia, pois a servidão de seus escravos criava várias responsabilidades.

Assisti a um curta, na internet, um tempo atrás que abordava, justamente, a questão da liberdade. O título é Ilha das Flores. A película mostra, de forma muito interessante, como a liberdade pode ser um fardo.

Penso que ser livre é aceitar as consequências de nossos atos, sejam elas boas ou ruins. É saber que as nossas escolhas nem sempre nos trarão bons frutos.

Nesse caminhar seremos apoiados, amados, odiados, experimentaremos resistências dos mais variados tipos, contrariedades.Tudo isso faz parte e deve ser encarado como natural. Até porque não daria para ser de outro jeito. Cada um tem suas necessidades e, portanto, não raro, as vontades se antagonizam. Isto acontece com amigos, patrões e empregados, namorados, marido e mulher.

É claro que sempre tentamos fazer prevalecer a nossa opinião, como se a verdade fosse, exclusivamente, nossa. Verdade. O que é isso, afinal?

A verdade, meus caros, é tão relativa... Normalmente, vem acompanhada de argumentos e razões "incontrastáveis"...

Fico a pensar como seria se pudéssemos exercer as liberdades sem limites. Imaginem se a nossa vontade fosse capaz de mudar a tudo e a todos, se conseguíssemos estar em vários lugares, experimentando vários tipos de sensações.

Ah, é só um delírio onírico, pois a realidade logo nos acorda, sacudindo-nos.

Mas, está tudo bem, continuemos a exercer a nossa tão sagrada liberdade vigiada.

Deixo vocês com uma agradável canção de Chico Buarque: outros sonhos, cujo vídeo pode ser conferido clicando-se no link.

Até a próxima.



Chico Buarque


Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
Sonhei que ela corava
Quando me via
Sonhei que ao meio-dia
Havia intenso luar
E o povo se embevecia
Se empetecava João
Se impiriquitava Maria
Doentes do coração
Dançavam na enfermaria
E a beleza não fenecia

Belo e sereno era o som
Que lá no morro se ouvia
Eu sei que o sonho era bom
Porque ela sorria
Até quando chovia
Guris inertes no chão
Falavam de astronomia
E me jurava o diabo
Que Deus existia
De mão em mão o ladrão
Relógios distribuía
E a polícia já não batia
De noite raiava o sol
Que todo mundo aplaudia
Maconha só se comprava
Na tabacaria
Drogas na drogaria
Um passarinho espanhol
Cantava esta melodia
E com sotaque esta letra
De sua autoria
Sonhei que o fogo gelou
Sonhei que a neve fervia
E por sonhar o impossível, ai
Sonhei que tu me querias

Soñé que el fuego heló
Soñé que la nieve ardia
Y por soñar lo impossible, ay, ay
Soñe que tu me querias.

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