ARTIGOS JURÍDICOS ENVOLVENDO VÁRIAS PROVÍNCIAS DO DIREITO COM REFERÊNCIA À LEGISLAÇÃO E COMENTÁRIOS A SÚMULAS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES - STJ e STF,JURISPRUDÊNCIA COMENTADA, MÚSICA POPULAR BRASILEIRA E SEUS ÍDOLOS, ATUALIDADES, FILOSOFIA DO COTIDIANO, ASSUNTOS DO DIA A DIA E MUITAS OUTRAS CONVERSAS.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
O CASAMENTO
O casamento, portanto — um problema. Tornou-se problemático neste tempo, como o resto. Nossos avós, felizardos, não entenderiam.
Já Wederkind (creio que em “Francisca”) observou friamente: “A diferença entre a vestimenta masculina e a feminina está em vias de desaparecer no mundo inteiro. Sem dúvida o homoerotismo, o laço de amor entre homens, a camaradagem sexual, encontra hoje um clima favorável. De fato, não há como censurar ou zombar de uma esfera de sentimentos que produziu o túmulo dos Médicis e de David, os Sonetos Venezianos e a Patética em Si Menor”.
Do ponto de vista abstrato-estético, um ponto de vista humano-generoso, emancipador, antiutilitário e, portanto, secretamente antinatural, nada pode ser aduzido contra esse gênero de sensibilidade. Onde prevalece a noção de beleza a vida deixa de imperar de modo absoluto. O princípio da beleza e da forma não se origina da esfera da vida. Sua relação com ela é, quando muito, de natureza estritamente crítica e corretiva. Ele se opõe à vida com orgulhosa melancolia, está profundamente ligado à idéia de morte e de esterilidade.
Platen diz: “Quem viu a beleza com os olhos / já foi confiado à morte”. Mas esses dois versos são a fórmula primeira e fundamental de todo o esteticismo. E com inteira razão pode-se chamar o homoerotismo de esteticismo erótico. Quem negará que com isso pronuncia-se seu julgamento moral? Nele não há bênção, exceto a da beleza. E esta é uma bênção de morte. A fidelidade é a imensa vantagem moral do amor natural possível no casamento, procriador.
A lei dos judeus, que sempre se entenderam sobre esses assuntos, punia com a morte os garotos que fossem juntos para a cama. Não se pode dizer o que veio primeiro: o casamento ou a fidelidade; e seria absurdo associá-los em pensamento com o homoerotismo. Tudo o que o casamento é, a saber, duração, fundamento, procriação, tudo isso o homoerotismo não é. E quanto à libertinagem estéril este é o oposto da fidelidade.
Com rara evidência aparece aqui que a virtude e a moralidade são questões de vida, nada além de um imperativo categórico, a ordem de viver; enquanto que todo esteticismo de natureza pessimista-orgiástica é a vocação da morte. Que toda arte inclina para isso, tende ao abismo, é absolutamente evidente. A liberdade orgiástica do individualismo que uma vez descrevi em Morte em Veneza na forma de pederastia. Parece-me que o artista é propriamente o mediador (irônico) entre os mundos da morte e da vida. Somos crianças-problema da vida, mas, ainda assim, crianças da vida, fundamentalmente destinadas ao bem moral.
Hegel disse que o caminho mais moral para o casamento é aquele em que a decisão de casar preceda ao desejo. De modo que com o casamento ambas finalmente se reúnam. Li isso com prazer, pois é o meu caso e é sem dúvida muito comum. O amor que leva ao casamento é o amor que funda. Ninguém se casa com uma mulher para possuí-la. A comunidade sexual trazida pelo casamento é algo essencialmente diferente e mais suscetível de espiritualização do que aquele para cuja realização não é necessário casar. Deve ser essa a diferença que confere ao casamento seu caráter de eterno-humano. Mas o eterno-humano é capaz de transformação.
Mas o pior e mais falso é a restauração. A época que teme a si própria enche-se de desejo de restaurar, de veleidades de retorno, de restabelecimento do velho e do venerável, de restabelecimento da santidade perdida. Inútil. Não há volta.
Thomas Mann
domingo, 21 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
ASSUNÇÃO DE RESPONSABILIDADES
Sartre falava da assunção de responsabilidades e acreditava no potencial humano. As pessoas, de um modo geral, têm o hábito de transferir responsabilidades para outrem ou mesmo para entes abstratos. A culpa sempre está no outro. A propósito, não por acaso, o filósofo citado inicialmente cunhou a célebre frase: o inferno são os outros.
Esse comportamento, de certo modo, também foi estimulado pela religião, especialmente pelo cristianismo, em que todo o crédito deve ser atribuído a Deus. Observa-se entre os protestantes a imputação constante de culpa ao Diabo, ente responsável por todos os males do mundo. Nesse sentido, os seres humanos são meras vítimas do ser abominável, inimigo número um do Deus Supremo.
Esse comportamento, de certo modo, também foi estimulado pela religião, especialmente pelo cristianismo, em que todo o crédito deve ser atribuído a Deus. Observa-se entre os protestantes a imputação constante de culpa ao Diabo, ente responsável por todos os males do mundo. Nesse sentido, os seres humanos são meras vítimas do ser abominável, inimigo número um do Deus Supremo.
A humanidade, portanto, desde tempos imemoriais, caminha sempre pondo a responsabilidade nos ombos do outro, não é por isso que Jesus, ao ser morto, remiu a humanidade dos pecados do mundo?. Não tenho nada contra o cristianismo, aliás minha formação religiosa foi cristã. Penso, contudo, que não se pode encontrar todas as respostas na religião. Esta, em seus códices, estabelece dogmas nos quais se procura explicar, normalmente, de forma simplista, como a terra se formou e por que existimos.
Quem não se lembra da história do jardim do Éden, um das alegorias mais bonitas do livro sagrado. Afinal, a ignorância é o paraíso e ao sair dele não é mais possível para lá retornar, tanto que na bíblia consta que Deus pôs, à porta do paraíso, dois anjos com espadas flamejantes para se certificar de que Adão e Eva não mais voltariam.
A vida nada mais é que a sucessão de fatos e nossas ações sempre geram consequências. Sim, a causalidade. Como disse Morpheus a Neo, bem vindo ao deserto do real ou, ainda, o francês, em Matrix II, tudo é causa e efeito. Parece, a princípio, uma fórmula reducionista que retira todo o brilho da existência, mormente por negar o sobrenatural. Uma vida sem mistérios e ilusão mostra-se tão árida como o deserto mostrado a Neo por Morpheus, em Matrix I.
Mas não é bem assim, causalidade não significa necessariamente aridez. Em muitos casos não sabemos, prima facie, qual será o resultado de nossas ações. É claro que a experiência acumulada revela-se facilitadora nessa tarefa. Não podemos olvidar, outrossim, que causalidade não se antagoniza com probabilidade, sendo esta o ente que encerra vários resultados possíveis. E isto não é interessante?!
Desta forma, o homem deve assumir seu papel de protagonista de sua própria existência. Nada vem de graça, nem o pão nem a cachaça, como já dizia Zeca Baleiro em sua canção Babilon. Tudo tem seu valor mesmo que simbólico. Fazer escolhas não é fácil e gera desconforto e, em vários momentos, decepções. Não podemos deixar que estas, por sua vez, travem o nosso caminho, impedindo-nos de seguir adiante. A escolha é nossa e a culpa não é de ninguém; só existe a causalidade. Os resultados positivos surgem quando não se desiste e se empregam esforço e tempo orientados na consecução dos objetivos.
"Será que a liberdade é uma bobagem?...
Será que o direito é uma bobagem?...
A vida humana é que é alguma coisa
a mais que ciências, artes e profissões.
E é nessa vida que a liberdade tem
um sentido, e o direito dos homens.
A liberdade não é uma prêmio, é uma
sanção. Que há de vir."
Mário de Andrade
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
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