sexta-feira, 8 de outubro de 2010

EU TENHO MEDO

Menino-Deus do corpo azul dourado. Quantos meninos estão por aí afora com seus planos e desejos, olhos penetrantes fitando os corpos das meninas-bronze. A juventude é tão bela e vigorosa como os pulos de meu filho. Os jovens são eternos e as vontades infinitas. O mundo é deles, tudo é possível, nada pode ser proibido. É proibido proibir. É assim de geração em geração. A caretice parece que nunca vai chegar. Mas ela chega e é aí que percebemos sermos os mesmos e vivermos como nossos pais.

O homem velho deixa a vida e morte para trás, conforme alertava Caetano na canção e o olor fugaz do sexo das meninas traz reminiscências de um passado glorioso. Afinal, nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. Pra que tudo isso? É um mistério, o mistério da vida. Queria entender por que estamos sempre querendo alguma coisa que ainda não temos. Não há limite para o desejo humano. Adoro observar o comportamento das crianças para quem o mundo é tão simples. Elas gozam intensamente suas existências sem as preocupações do mundo adulto, sem pensar nas contas a pagar, nas frustrações, na carreira, na morte. Acho que elas têm um coração vagabundo e querem guardar o mundo em si.

Vejo os rapazes e moças com seus assuntos e programas com certa nostalgia de quem já entrou no enta, embora só tenha três anos de idade (acredito que a vida começa aos quarenta...rsss). Procuro não me preocupar com o tempo, não olho mais o calendário em busca de feriados e só me lembro do natal quando faltam poucos dias para ele chegar.

Medo? Talvez. Aliás, o medo é uma constante em nossas vidas e como dizia Belchior nos versos da canção: se o medo morrer a gente manda buscar outro. Deixo vocês com a linda música do sumido Belchior. 
Um grande abraço e até a próxima.

Pequeno Mapa do Tempo

composição: Belchior


Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do teu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião
Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo que Belo Horizonte
Eu tenho medo que Minas Gerais
Eu tenho medo que Natal, Vitória
Eu tenho medo Goiânia, Goiás
Eu tenho medo Salvador, Bahia
Eu tenho medo Belém do Pará
Eu tenho medo pai, filho, Espírito Santo, São Paulo
Eu tenho medo eu tenho C eu digo A
Eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife
Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá
Eu tenho medo Estrela do Norte, paixão, morte é certeza
Medo Fortaleza, medo Ceará
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo e já aconteceu
Eu tenho medo e inda está por vir
Morre o meu medo e isto não é segredo
Eu mando buscar outro lá no Piauí
Medo, o meu boi morreu, o que será de mim?
Manda buscar outro, maninha, no Piauí



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