quinta-feira, 14 de outubro de 2010

NÚMERO UM

Já escrevi aqui no blog que cresci ouvindo minha avó e minha mãe cantando Orlando Silva, Anísio Silva, Ângela Maria, Chico Alves, Nelson Gonçalves e muito outros ícones da MPB da época delas. Imaginem uma criança cantando, por exemplo, boemia aqui me tens de regresso ou então, coitado de você meu ex amor da tristeza portador, quem foi que te magoou. Pois bem: foi exatamente assim comigo.
 

Conheço muitas canções das décadas de 40, 50 e 60 que tocaram no rádio e estavam na boca do povo. Uma das canções que até hoje me lembro é Número Um, de Mário Lago  e Benedito Lacerda, que fez muito sucesso na voz de Orlando Silva. A música é inegavelmente machista, mas muito bonita e vale ser ouvida, pois nos remete a uma época bem diferente, quando as mulheres se "perdiam". Cansei de ouvir minha avó dizer que fulano fez "mal" à beltrana, significando que desvirginara uma donzela. Falar de sexo àquela época nem pensar. Hoje uma mulher se casar virgem não é mais uma exigência. Em outros tempos, dava ao marido direito de manejar uma ação pleiteando anulação do casamento.

Penso que hoje é muito melhor, as mulheres podem escolher com quem têm realmente afinidade, especialmente no campo sexual, sem ter que esperar a noite de núpcias, correndo o risco de enfrentar uma situação desagradável. Os casamentos não são mais escolhidos pelos pais, os quais se limitam a dar conselhos nem sempre seguidos pelos filhos.

Mas voltando à canção, Numero Um, a par de sua nota machista, também fala de sofrimento do homem abandonado por sua amada, a qual saiu em busca de outras experiências. Vamos então à canção, cuja letra colaciono e que ao final pode ser ouvida clicando-se no player.

Número um
(Mário Lago e Benedito Lacerda)

Passaste hoje ao meu lado
Vaidosa, de braço dado
Com outro que te encontrou
E eu relembrei comovido
O velho amor esquecido
Que o meu destino arruinou
Chegaste na minha vida
Cansada, desiludida
Triste, mendiga de amor
E eu, pobre, com sacrifício
Fiz um céu do teu suplício
Pus risos na tua dor
Mostrei-te um novo caminho
Onde com muito carinho
Levei-te numa ilusão
Tudo porém foi inútil
Eras no fundo uma fútil
E foste de mão em mão
Satisfaz
tua vaidade
Muda de dono à vontade
Isso em mulher é comum
Não guardo frios rancores
Pois entre os teus mil amores
Eu sou o número um


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