domingo, 10 de outubro de 2010

FÚRIA DE TITÃS

Ontem assisti à Fúria de Titãs e fiquei impressionado com os efeitos visuais. Perseu, o herói mítico grego que decapitou a Medusa, ali é retratado como o filho que rejeita a ajuda de seu pai, Zeus, o qual mesmo assim continua a protegê-lo. Como há variação na história dos mitos,
na película, a mãe de Perseu  é a mulher de Acrísio em vez de sua filha. Hades, percebendo a revolta dos humanos em relação aos deuses, resolveu oferecer "ajuda" a Zeus, mas com o objetivo de se vingar de seu irmão, o qual se alimenta do amor dos mortais , e solta o temido kraken.

O interessante, no entanto, é a forma como os seres humanos da antiguidade representavam a sociedade e seus atores. Um olhar atento percebe que o homem, do ponto de vista ontológico, não sofreu modificação substancial. A disputa pelo poder, amor e ódio, o deus que exige adoração de seus súditos sem contrapartidas e que rechaça qualquer tentativa de insurreição.Tudo isso me fez lembrar da organização político-social de hoje. Os candidatos se esforçam na tentativa de convencer o eleitor de que seu plano de ação governamental é melhor e, nesse desiderato, apontam falhas do adversário, além de denunciar relações impróprias um do outro. 

A maioria da população parece não se importar muito com as denúncias, preocupando-se mais em manter o status quo. O bolsa família é algo intocável e nenhum candidato em sã consciência diria que tal benefício será suprimido, ao contrário,  falam em ampliá-lo.

Dar o peixe parece ser a estratégia escolhida pelo políticos, em vez de ensinar a pescar, pois ai a dependência é convenientemente mantida. Não importa que a classe média continue a ser pressionada, sobre-taxada e que assista impotente à perda de sua qualidade de vida. Não importa se os alunos da rede pública chegam ao ensino médico mal sabendo ler e escrever. A repetência é coisa do passado, a prioridade são os números e as ações paternalistas com vistas à permanência no poder.

O povo sempre se contentou com migalhas. Nas arenas romanas se jogavam pães para a platéia que assistia extasiada a luta sangrenta entre gladiadores e aos leões devorando cristãos. Volta e meia, o Imperador ou o Senado distribuía carregamento de grãos para acalmar a plebe. E por esse e outros expedientes o poder sempre foi resguardado, mudando apenas os seus titulares.

Esse quadro vem se repetindo ao longo dos séculos com pequena variação. Assistiremos ainda a muitos políticos inescrupulosos loteando o poder entre os seus aliados. Veremos pessoas honestas sendo corrompidas e adotando as mesmas práticas de seus antigos inimigos. É só olhar para o mundo e perceber que não há mocinhos e bandidos e sim homens e suas conveniências.  

No filme, Hades perde a batalha, pois Perseu, ajudado por seu pai Zeus, consegue derrotar o terrível mostro exibindo-lhe a cabeça da Medusa, mas aquele deus é eterno e certamente voltará a atormentar os humanos e não desistirá de se vingar dos outros deuses. Na vida real, assistiremos ao embate entre os Titãs no dia 31 de outubro quando ficaremos sabendo qual o deus irá governar o país e a nós, simples mortais, nos próximos quatro anos.

Um grande abraço e até a próxima.

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