No convívio social a palavra falada é a mais corriqueira. Falamos o tempo todo. É quase uma tortura quando precisamos ficar quietos. Nos julgamentos, de um modo geral, é perceptível a angústia das partes, cuja oportunidade de dar suas declarações tem ocasião certa.
A língua se comporta como um animal selvagem ansioso pela liberdade. Se o tratador, por um descuido qualquer, deixar a jaula aberta o bichano sai em disparada e na fuga pode causar muitos danos.
Poucos, de fato, conseguem controlar o que dizem e nesse sentido aqueles que nada falam estão a salvo das gafes, seja escrevendo ou verbalizando as idéias.
É muito comum se ouvir pessoas alardeando franqueza como uma virtude digna dos monges tibetanos. Não raro, causam muito estrago e angariam inúmeros inimigos durante a caminhada pela existência.
É claro que não se consegue agradar a todos e não se pode passar a vida preocupado com o que fulano ou siclano vão dizer ou pensar, deixando de fazer as coisas. Mas, o controle da língua é fundamental, especialmente em algumas áreas.
No processo criminal, por exemplo, o que o Réu diz durante o seu interrogatório pode comprometê-lo ou inocentá-lo, daí a Constituição lhe garantir o direito de permanecer calado, se assim o desejar.
As testemunhas, ao longo de seus depoimentos, podem se contradizer e, eventualmente, praticar crime de falso testemunho, cuja configuração, para alguns, requer a conclusão da instrução e para outros enseja prisão em flagrante.
Afora a questão jurídica, no dia a dia, a verborragia pode trazer conseqüências nefastas. Lembro de um caso em que uma datilógrafa, após a saída do diretor, do recinto, xingou-o baixinho sem saber que o mesmo estava ainda do outro lado da porta. O resultado: a demissão imediata da referida funcionária.
Nas entrevistas de emprego também se deve ter cautela e controlar o que se diz, já que aí o candidato está sendo avaliado o tempo todo. A eloqüência pode se prestar, também, a desviar a atenção do foco da questão, levando o receptor a ser perder no mar verborrágico.
A forma como se fala faz muita diferença. Dependendo do tom de voz e das palavras escolhidas, o efeito destas no interlocutor pode levá-lo a conclusões equivocadas e mesmo criar um clima de beligerância que inviabiliza diálogos futuros, criando uma barreira quase que intransponível.
Fato é que não é fácil controlar esse instrumento da palavra e, certamente, por mais cautela que se tenha, mais cedo ou mais tarde cometer-se-ão enganos, gafes e absurdos.
Falar é preciso, mas certas coisas não podem ser ditas a qualquer instante. Há momentos que o melhor a se fazer é nada fazer, ou melhor, dizer. Mas, se por acaso você não conseguir travar a palavra e descobrir, tardiamente, que não deveria ter se manifestado, relaxe e não tente consertar porque usando do velho clichê: a emenda sai pior do que o soneto.
Um grande abraço a todos e até a próxima.
Olá, David, esse post dá pano para manga e muita conversa. Chego a fervilhar quanto a palavra "palavra" vem à tona...Se você me permite vou versejando
ResponderExcluirQuestão de manejo sustentável
o uso da palavra tem um arco notável
Deixo o coração no marco zero da linha
na conversa, na entrega ou na bainha
bom senso na agulha do controlar
Contudo nem sempre se opera com acerto
Confiar de sabedoria a língua é acervo
que ,Só,a experiência traz
e, também, o tônus ou a íngua
Não o silêncio nem a omissão
nem o teste e nem a procuração
muito menos a opinião
sem ação
Casa bem de véu e grinalda
a palavra e a oportunidade
até a fala tem seu tempo devido
de nascer e de há muito ter partido
Melhor perceber, sem vaidade, que ao bradar
sua prova,sua nova,lamúria ou argumento
no fundo se quer, loucamente, ser ouvido
assinar na conversa seu nome acolhido
sua história, idioma ou sentimento.
QUERIDO AMIGO BLOGUEIRO,
ResponderExcluirVENHO ATÉ AQUI, PARA AGRADECER SUA VISITA E SEU COMENTÁRIO,E VC TEM REALMENTE RAZÃO.
MUITO INTERESSANTE O TEXTO.
UM ABRAÇO E UM ÓTIMO FERIADO PARA VOCÊ E SUA FAMÍLIA
UM ABRAÇO,
FÁBIO LUÍS STOER
Obrigado, Leila por privilegiar este espaço com seus versos, os quais são sempre muito bem recebidos.
ResponderExcluirObrigado, Fábio. Um grande abraço pr'a você também.
ResponderExcluir