Por muito tempo pensar fora dos padrões estabelecidos pela ordem vigente representava risco de morte. A história mostra que durante a idade média a atividade intelectual não era para qualquer um. A Igreja Católica, instituição que mantinha agregada a colcha de retalhos que se tornara a Europa após a queda do Império Romano, ditava as regras que deviam ser observadas pelos
fiéis.
fiéis.
O acesso à bíblia, o livro principal que norteia a fé cristã, ou melhor dizendo, a cristandade, no pré-citado período, não era permitido aos não clérigos, sob pena do infrator ir parar na fogueira da Santa Inquisição, cumprindo ressaltar que mesmo entre a cúria, não era a qualquer sacerdote que se deferia tal privilégio.
Mesmo na sociedade grega, o berço da democracia moderna, somente uma classe privilegiada podia se dar ao luxo de meditar, contemplar. Platão, por exemplo, defendia o ócio para os filósofos. Naquela época, a economia era assentada em bases escravocratas e havia poucos homens livres.
Com o passar dos séculos, a sociedade foi sofrendo lentas transformações até que com a revolução industrial houve uma reviravolta no mundo ocidental. A atividade comercial, que durante a idade média andou a passos tímidos e se aproximando muito da economia de escambo, com a produção em grande escala, teve que se adaptar e transpor alguns obstáculos.
A mudança de paradigma impunha-se de maneira inexorável e, nesse sentido, pode-se apontar a Reforma Protestante como acontecimento de grande relevância e um dos eventos que concorreram para o desenvolvimento econômico-social. A educação, antes restrita a alguns privilegiados, passou a ser direito de todos e ao Estado cabia a sua promoção.
Hoje se chegou a um grau de desenvolvimento que não se imaginava no início da industrialização. A internet, definitivamente, democratizou o conhecimento da mesma maneira que as bibliotecas o fizeram no seu tempo. O conhecimento deixou de ser um privilégio de poucos e ficou à disposição daquele que o busca.
Curiosamente, observa-se hodiernamente um acontecimento intrigante: o excesso de informação, fenômeno, aliás, anunciado em 1968, nos versos da canção Alegria, Alegria, de Caetano Veloso. Afinal de contas, quem lê tanta noticia?
Por conta disso, criou-se a necessidade de se trabalhar pinçando-se informações relevantes. O pensamento crítico nunca foi tão importante. Buscar veículos idôneos, cujas fontes são devidamente verificáveis, se mostra muito prudente, mormente considerando que muitos textos, que circulam na internet, atribuídos a este ou aquele escritor são cada vez mais freqüentes e têm por fito dar respaldo a seu conteúdo, atribuindo-os a personalidades, à revelia destas.
As opiniões dos intelectuais são preciosas à formação do nosso acervo, mas não devem ser absorvidas sem o devido filtro e tampouco podem engessar a nossa maneira de pensar, antes, servem de contra ponto ou ponto de partida para as nossas reflexões que também devem buscar subsídio em argumentos contrários.
Repetir o que os doutos dizem, sem uma avaliação criteriosa, não revela o genuíno ato de pensar, ao contrário, demonstra a tendência ao alinhamento a um modelo estabelecido, por força do conforto proporcionado pela imobilidade intelectual.
Assim, hoje, tem-se liberdade e oportunidades para se chegar à informação, mas esta mesma liberdade precisa se fazer acompanhar de uma postura reflexiva e aberta ao debate de idéias. A discordância, acompanhada de argumentos, não deve ser motivo de altercações e sim de estímulo.
Afinal, Descartes estava coberto de razão quando disse: penso, logo existo.
Um grande abraço a todos e até a próxima.
Olá David! É verdade que o excesso de informações hoje nos desafia a aprender filtrar verdades e conhecimnentos. E por isso mesmo penso que o pensamento crítico em nossos dias é algo ainda mais raro nas pessoas, pois é mais cômodo ouvir e reproduzir. Porém não consigo enxergar essa liberdade para que todos de fato cheguem às informações. Há muitos lugares no mundo, e no Brasil, e até mesmo no Rio de Janeiro ou São Paulo, onde as pessoas ainda não têm acesso aos meios de comunicação que consideramos mais comuns, como TV ou internet. As tecnologias estão aí, mas diferente do que muitos pensam, ainda não é para todos. E eu espero que num futuro bem próximo, seja.
ResponderExcluirAbraços e boa semana!
Ah! E tá tudo clean e belo por aqui! Uma mudança no visual de vez em quando é bom, né!? rs.
ResponderExcluirOlá, Isabele.
ResponderExcluirObrigado por expor sua opinião de forma tão clara e objetiva, a qual, sem dúvida de dúvida, contribui para o aprimoramento das idéias colocadas neste modesto espaço.
Um grande abraço.
olá tio! Acredito também que o pensamento critico está cada vez mais raro entre as pessoas,ao mesmo tempo temos que tomar cuidado para não se estabelecer o senso comum com o excesso dessas informações, não se contentar com informções prontas e acabadas e sim como a filosofia, buscar a razão de ser de tudo pela raiz,ou seja o significado basico de tudo, ela submete o saber da vida ao crivo da razão crítica, fazendo-nos ir além do espontaneísmo.
ResponderExcluirbeijos!
Oi, Sula. É muito bom te receber aqui neste espaço. Penso que devemos desenvolver uma atitude crítica diante da vida. Não existem verdades absolutas, o que há são pessoas com suas vidas e percepções. Entender o mecanismo da existência é fundamental para uma boa passagem. Espero te encontrar aqui mais vezes.
ResponderExcluirUm grande abraço.